Sabemos que boa parte dos pequenos prefere comer fast-food, doces e alimentos processados a frutas, verduras e alimentos naturais, e que este hábito alimentar ruim pode se estender a jovens e até mesmo à fase adulta. É realmente difícil ver uma criança que realmente goste de comer legumes. Mas acredito que isso tem a ver com a cultura em que criamos nossos filhos, pois nossos pais e avós quase não ingeriam alimentos industrializados.
Naturalmente, em outras épocas, o contexto era muito diferente em relação ao atual. Havia um contato maior com o plantio e com a natureza. Contudo, mais do que apenas culpar a urbanização, industrialização e mudanças comportamentais e culturais, é preciso se dar conta que as crianças copiam e seguem exemplos dos adultos, em tudo, inclusive no que tange aos hábitos alimentares. Logo, se quisermos ver nossos filhos comendo legumes e frutas, é muito mais importante nós mesmos darmos o exemplo e consumirmos esses alimentos, do que tentar obrigá-los a tal, quando temos a nossa mesa e na despensa de casa guloseimas processadas aos montes.
A melhor forma de educar é pelo exemplo. Além disso, motivar as crianças a se alimentarem de forma mais saudável, buscando maneiras divertidas de introduzir a alimentação saudável ao dia a dia, pode ser uma solução.
Escolas podem contribuir com a nutrição infantil
Bella Falconi ainda explica que é vegetariana, mas isso não quer dizer que eu acho que todos devam ser como eu e nem que todas as crianças devam ser privadas de comer carne. Contudo, ter um dia na semana em que se promova o consumo de verduras, frutas e legumes em detrimento do consumo de carne é ao meu ver algo positivo. Em São Paulo, foi implantada a campanha Segunda Sem Carne (SSC), que é hoje adotada também em Curitiba, Niterói e outras cidades, além do Distrito Federal, que são centenas de escolas que oferecem uma merenda vegetariana ao menos uma vez por semana como opção de refeição para as crianças. No município de São Paulo, mais de mil unidades educacionais já adotaram programa, representando milhões de refeições sem ingredientes de origem animal por mês, mas não apenas isso, introduzindo mais legumes, grãos, frutas e cereais, que são a base de qualquer alimentação saudável.
Como convencer crianças a adotarem uma alimentação saudável?
Além de acostumar a criança com a oferta de alimentos variados à mesa, vale a pena variar as formas de preparo, em especial das frutas legumes e verduras, que em geral não são os favoritos dos pequenos. Por exemplo: um dia usamos alface na salada e no outro adicionamos frutas como maçãs. Podemos misturar a beterraba no arroz e no feijão, o que pode mudar a cor do arroz e atiçar a curiosidade da criança.
Podemos preparar sucos e inserir os legumes neles, como por exemplo, de couve-manteiga com maracujá. Dá para então criar histórias para associar ao visual verde do suco – elas vão adorar beber o suco do “Hulk”.
A atitude de quem dá esses alimentos à criança também é muito importante para o convencimento. Se os pais dizem que não gostam de determinado alimento, isso irá influenciar diretamente a criança a também rejeitar aquilo.
Em geral, com raras exceções, as crianças têm a tendência a gostar mais de alimentos ricos carboidratos simples, como açúcar refinado, e igualmente ricos em gordura e sal. Por isso, a família tem um papel muito importante na formação dos hábitos alimentares. Não dá para exigir que a criança beba mais água e sucos naturais de frutas se ela vê seus pais e todos que vivem naquela casa preferirem consumir refrigerantes e sucos processados.
Também é muito importante encontrar maneiras de envolver a criança na hora de ir às compras, seja no mercado ou na feira, assim como procurar de uma forma divertida trazer a criança para a cozinha para participar da elaboração dos pratos (mas lembre-se, segurança primeiro).
Nutrientes essenciais para crianças
Proteínas, carboidratos complexos, gorduras boas, fibras, ácido fólico, cálcio, ferro e vitaminas A, B e C nunca devem ser negligenciados e precisam estar em boas quantidades na alimentação para garantir um desenvolvimento pleno. Felizmente, boas porções destes nutrientes se encontram na maioria das dietas equilibradas. Embora muitos pensem que cortar os carboidratos é a solução para uma alimentação equilibrada, na verdade estes nutrientes são a fonte de energia mais importante do corpo, principalmente para as crianças. Os carboidratos se apresentam de várias formas diferentes, mas o recomendado para crianças é comer mais amidos e fibras e menos açúcar, ou se possível retirar ao máximo o açúcar refinado da alimentação.
Tenha em mente que é preciso garantir que as crianças estejam se alimentando com porções de nutrientes adequadas ao seu crescimento e pleno desenvolvimento. Um nutricionista em conjunto com um pediatra ou médico de família devem ser consultados para fazer ajustes e definir a melhor dieta e plano nutricional a ser seguido.
Fonte: Blog da Bella Falconi